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Novas Fronteiras em Farmacogenômica e Personalização da Terapia Medicamentosa


FARMACOGENÔMICA E PERSONALIZAÇÃO DA TERAPIA MEDICAMENTOSA


A farmacogenômica representa uma área de grande expansão, alinhando-se às novas tecnologias na área da saúde, a fim de que os pacientes possam apresentar um tratamento mais humanizado e personalizado.


A personalização da terapia medicamentosa representa um tema bastante em alta, justamente pela necessidade de compreender as individualidades e particularidades dos pacientes, à nível metabólico.


A introdução dos experimentos que fazem parte do rol de conhecimentos da farmacogenômica se alinham com a percepção de que o genoma humano individual é capaz de alterar significativamente a resposta a diferentes medicamentos.


Além disso, fatores como raça, gênero, disfunção de órgãos, assim como fatores ambientais (vide o estado nutricional), são capazes de afetar o sucesso terapêutico de diferentes medicamentos, como foi mostrado no estudo de (PESSÔA; NÁCUL; NOEL, 2006; NOVA, 2016).


As variabilidades genéticas, portanto, são extremamente importantes para o estudo da farmacogenômica, com destino a conhecer a regulação dos processos celulares que ocorrem em cada indivíduo. ((GARCÍA-ACERO; DÍAZ-GIMENO, 2019). Estes processos fazem parte dos estudos que se desenvolvem que evocam as atividades farmacocinéticas e farmacodinâmicas, compreendendo os caminhos e melhores rotas para a administração de medicamentos de forma individualizada.


Todos estes esforços alinham-se com a proposta de reduzir os danos colaterais causados por medicamentos utilizados na prática clínica, que favorecem um pior tratamento, assim como geram ainda mais gastos para a saúde pública.


Neste artigo, serão abordados os principais eventos envolvendo a farmacogenômica, evidenciando os avanços, casos de sucesso, assim como os principais desafios e limitações, mas que podem resultar em boas perspectivas para a área da saúde.


Introdução à farmacogenômica e seu papel na terapia medicamentosa

A farmacogenômica é a ciência que estuda a interação entre os genes e medicamentos administrados aos pacientes. Trata-se de uma ciência bastante recente, a qual vem sendo orientada pelas novas tecnologias no campo da Epigenética.


Ao analisar a história da farmacogenômica, percebe-se que trata-se de uma ciência bastante inovadora e contemporânea. O conceito de hereditariedade genética foi desenvolvido por Gregor Mendel, em 1865, através dos experimentos envolvendo ervilhas, cujas gerações formavam espécies de diferentes cores.


No entanto, foi somente em 1953, com os estudos de Watson-Crick sobre a molécula do DNA, que o campo da Genética passou a ser melhor explorado. Posteriormente, o Projeto Genoma Humano foi desenvolvido, tornando-se o mais importante trabalho já realizado na área, tendo sido capaz de produzir o sequenciamento humano completo.


A partir do momento em que descobriu-se o funcionamento do genoma humano, tornou-se possível gerar novos conhecimentos que poderiam ser mais aplicáveis para a rotina clínica, no sentido de compreender qual seria o impacto desta nova descoberta sobre a administração de fármacos em relação à toxicidade, eficácia e segurança ao paciente (FONSECA, 2014; NOVA, 2016).


A farmacogenômica, então, é a área capaz de relacionar as diferentes variabilidades genéticas com os marcadores genômicos que atuam diretamente sobre a eficácia de medicamentos, prevendo respostas personalizadas aos fármacos, através de diferentes estudos clínicos que influenciam diretamente a prática clínica na saúde.


Os novos estudos na área da farmacogenômica apontam muitos benefícios para a personalização da terapia medicamentosa. Ainda existe uma grande dificuldade em reduzir os efeitos colaterais dos medicamentos aos pacientes, de maneira que a farmacogenômica estuda soluções viáveis para a resolução destes problemas, por intermédio da correlação entre o perfil metabólico do indivíduo junto ao conhecimento genético individual.


Em suma, preza-se pela redução dos efeitos colaterais aos medicamentos, buscando a promoção de um tratamento mais eficiente e menos danoso, conforme têm-se observado em novos estudos.


A farmacogenômica é uma área do conhecimento que tem como fundamento a melhora da segurança do paciente, assim como a redução dos custos públicos de saúde.


A partir do momento em que reduz-se o número de hospitalizações ou reações graves a medicamentos, a consequência direta é justamente gerar uma prevenção e redução dos gastos necessários com a saúde pública dos cidadãos.


Avanços recentes no campo da farmacogenômica

A farmacogenômica é uma área em grande expansão, com avanços muito importantes e significativos para o entendimento do perfil metabólico dos pacientes, em relação ao perfil esperado no tratamento.


Alguns dos avanços recentes na prática clínica apontam para o sucesso da área da farmacogenômica. O estudo de Smith et al.40 demonstrou uma redução de 30% na intensidade de dor em relação a pacientes usuários crônicos de opioide.


Ao promover um estudo de meta-análise nestes pacientes, verificou-se uma remissão significativa dos sintomas. Ao final da pesquisa, notou-se que a utilização da genotipagem (técnica desenvolvida na farmacogenômica), indicou 1.71% a mais de chance de remissão de sintomas, quando comparado à terapia comum.


Um outro avanço na área da farmacogenômica diz respeito à varfarina, sendo um dos elementos mais estudados atualmente. Este fármaco pertence à classe dos antagonistas da vitamina K, cuja utilização se dá na prevenção de eventos trombóticos.


Alguns estudos científicos recentes sugerem que a varfarina pode ter influência positiva na resposta farmacodinâmica da vitamina K, no sentido de que o próprio FDA (Food and Drug Association) revelou a necessidade de inserir informações sobre os efeitos farmacogenômicos na bula da varfarina.


Vale salientar que os principais avanços na área da farmacogenômica envolvem os genes envolvendo caminhos farmacocinéticos e farmacodinâmicos, sendo responsáveis por codificar enzimas importantes que farão parte da eliminação dos medicamentos.


Atualmente, a enzima mais estudada faz parte do sistema de citocromo P450 (CYP450), atuando no metabolismo de quase todos os fármacos prescritos. No entanto, mediante o polimorfismo desta enzima, é possível que disfunções desenvolvam problemas como câncer, dor, doenças cardiovasculares e psicoses.


A farmacogenômica na prática: casos de sucesso

A farmacogenômica apresenta alguns casos de sucesso, evidenciando seu grande potencial para os próximos anos, em termos de aumento da qualidade de vida e redução dos efeitos colaterais provenientes de medicamentos usuais.


Nos Estados Unidos, a farmacogenômica já é uma grande realidade, por conta do estímulo e incentivo à genotipagem preventiva. De acordo com o estudo publicado na Nature, “medicamentos com recomendações relacionadas à FGx perfazem 18% de todas as prescrições e 30% dos medicamentos com alto risco FGx mais prescritos representam 738 milhões de prescrições por ano”.


Um outro caso de sucesso diz respeito ao CYP2D6, o gene mais bem caracterizado na área da farmacogenômica. De acordo com (PRADO, 2016), esta área foi capaz de identificar que a enzima produzida por este gene é capaz de metabolizar 25% dos medicamentos mais utilizados no mundo para o tratamento de câncer, como betabloqueadores, opióides, antipsicóticos e fármacos.


A genotipagem preventiva é uma técnica que já está presente na realidade de alguns centros de tecnologia há algum tempo. Em 2012, no estudo de Schildcrout et al, observou-se que a exposição de 64,8% de pessoas a um determinado medicamento teria sido influenciada por variantes genéticas em um espaço amostral relativamente grande, envolvendo um coorte de 52.492 pacientes. O número de pessoas que poderiam ter sido acometidas com sintomas de efeitos adversos representou cerca de 398, revelando o elevado potencial farmacogenômico.


Da mesma forma, um estudo holandês foi capaz de revelar o potencial da genotipagem através da redução da taxa de intoxicação por fluoropirimidinas em pacientes, com redução das mortes induzidas pelo medicamento de 10% para 0%.


Os dados apresentados indicam os benefícios reais do tratamento preventivo dentro da área da farmacogenômica, embora ainda existam desafios e limitações.


Desafios e limitações da farmacogenômica

A farmacogenômica tem demonstrado grandes benefícios para a população analisada, principalmente devido ao teste de genotipagem preventiva, no sentido de compreender o perfil metabólico individual e indicar medicamentos compatíveis e menos reativos.


No entanto, os principais desafios e limitações da farmacogenômica evidenciam a dificuldade de potencializar os testes e estudos, mediante um elevado custo com a parte clínica e estrutural.


Em função disso, países como o Brasil, ainda apresentam um longo caminho para percorrer, quando comparado com países que investem em pesquisa e ciência de forma mais incisiva, como os Estados Unidos.


É preciso, portanto, que os países tenham consciência sobre os impactos oriundos da própria farmacogenômica, no sentido de que podem ser traduzidos em melhorias na própria saúde pública, através da redução dos gastos com os efeitos colaterais dos medicamentos, assim como as próprias hospitalizações.


Um outro efeito limitador importante diz respeito à própria comunidade científica. Ainda existe uma grande carência de estudos e testes clínicos relacionados à área, o que simboliza uma dificuldade de aceitação por parte da própria comunidade na busca demais evidências plausíveis.


Para que este cenário seja modificado, é preciso que a própria comunidade torne-se mais suscetível e receptiva em relação aos estudos de farmacogenômica, o que irá retroalimentar o próprio prospecto de novas obras coerentes com o cotidiano da área da saúde, sobretudo, dentro da saúde pública.


O impacto da farmacogenômica na saúde pública

Um dos impactos da farmacogenômica, na prática, diz respeito à saúde pública. Uma das principais dificuldades em relação a este processo, diz respeito à ocorrência de eventos adversos aos medicamentos (EAM).


Os EAM, atualmente, compreendem uma das principais causas de morte ou de hospitalização nos postos públicos de saúde no mundo. Em função deste cenário, a farmacogenômica pode ser um grande aliado na redução dos EAM, ao considerar o perfil genético medicamentoso dos pacientes, evitando o contato com drogas que possam gerar efeitos adversos.


Além disso, um outro avanço da tecnologia e das técnicas de sequenciamento genético, paralelo à Lei de Moore, resultou na redução dos custos de avaliação dos procedimentos na farmacogenômica.


Evidências mostram que a farmacogenômica é capaz de reduzir em quase 200 mil mortes no ano na Europa, em se tratando de efeitos adversos por medicamentos (EAM), o que significa uma redução no custo de 80 bilhões de euros. Além disso, a farmacogenômica pode contribuir para a redução geral no custo dos cuidados de saúde. É importante mencionar que quase 200 mil mortes/ano na Europa são relacionadas aos EAM, o que significa um custo de aproximadamente 80 bilhões de euros.


É nítido que a farmacogenômica apresenta um impacto significativo na saúde pública, ao reduzir casos clínicos rotineiros, além de ser uma alternativa viável na redução dos custos de saúde oriundos dos cofres públicos.


O futuro da farmacogenômica e da medicina personalizada

O futuro da farmacogenômica é bastante promissor, alinhado à medicina personalizada. Temos visto uma grande iniciativa, principalmente nos países desenvolvidos, em termos de investimentos em tecnologia nos principais centros de pesquisa e assistência.


Além disso, um outro ponto importante para o maior sucesso da farmacogenômica, consiste na iniciativa de promover o treinamento e educação dos profissionais de saúde, para que se sintam mais familiarizados e treinados, além de popularizar e desmistificar a nova prática complementar no cotidiano.


Em virtude de tecnologias mais avançadas no futuro, é possível que a farmacogenômica ainda esteja mais presente na clínica, por conta da utilização de novos testes e procedimentos, os quais resultam na menor propensão a fatores de risco genético associados a doenças. A ideia é justamente otimizar os testes em pacientes, reduzindo a hospitalização e riscos de efeitos adversos.


Um dos pontos esperados a respeito da farmacogenômica coincide com a possibilidade de tornar as práticas mais acessíveis à população em geral. A partir do momento em que os próprios profissionais de saúde forem educados e receberem treinamentos específicos, é esperado que, nos próximos anos, haja um maior sucesso terapêutico para a área , considerando prescrições e atendimentos mais precisos.


O conjunto desses fatores aponta para bons prognósticos na área da farmacogenômica, trazendo uma medicina mais personalizada e individual, além de humanizada, o que implica em maior qualidade no próprio atendimento.


É evidente que a farmacogenômica está modificando as fronteiras da área da saúde, proporcionando uma grande personalização da terapia medicamentosa. A ideia é que, em um futuro próximo, os pacientes possam ser atendidos com maior acurácia e personalização, cujos procedimentos estarão integrados com a própria inteligência artificial, a partir de um banco de dados ainda mais eficiente e rápido, evitando gastos excessivos dentro da área da saúde pública.


https://www.ufpb.br/petfarmacia/contents/documentos/1-consultoria-acad-2020/1a-consultoria-wenia-genetica.pdf


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